domingo, outubro 24, 2010

A super máquina voadora

Uma visão desce da atmosfera, uma super máquina voadora, passa pela cidade de São Paulo, segue-se ao interior de Agudos, e como se tivesse vontade própria, pára e visualiza uma mansão branca espelhada; desce, desce, acha-se em uma sala, em uma mesa de jantar, observa as pessoas falantes, inquietas, e no meio delas, percebe-se uma quieta, imprópria, pálida e sombria, e como se desmaterializasse em mil peças, entra-se na mente desse ser e começa a interpretar seus pensamentos e as circunstâncias.

De Paulo vem a estranheza
Dos entorpecidos vem o trauma esquecido
Estão cegos, a ambição virou assunto na mesa de jantar

O ambiente era inabitável, agora é uma parceria de urubus no quintal
Seres sem afinidades alterando-se para encaixar em um suposto modelo de comportamento
De cima dá para ver ele os observando, mas eles não veem
Os observados nunca percebem o calor do olhar clínico que o sol os trazem queimando a pele

Paulo reflete, e vê que sua família não é tão ruim assim
Lembra sempre o que sua mãe repetia para ele; Filho, não veja a vida de outrem como melhor que a sua, pois cada um veio para este mundo com seu merecimento, sua afinidades e nem tudo que você vê, seja a realidade qual for, logo as máscaras das pessoas caem.

Paulo olha para Margarete, que é a funcionária da limpeza da casa, reflete, pressente de um olhar cansado, cabisbaixo, ela não era nem notada durante aqueles assuntos, ninguém prestava atenção, e nem ela neles, e Paulo enfeitiçado por aquele insight é perguntado por Laura se não estava mais com fome, se a comida não estava boa? Ele, sem jeito, responde educadamente, dizendo que estava uma delícia. Paulo era visto como um sujeito aéreo, esquisito.

Paulo comia, e a comida não tinha gosto, a vibração daquele local não estava boa, e assim, incomodado, não sentia o gosto da comida. Após o devotamento pelo alimento, todos desconversam e vão para seus respectivos lugares, tudo se tornou mais desinteressante. A super máquina voadora, sai da mente de Paulo, e como estivesse procurando outro lar para analisar, junta suas peças novamente e sai voando por este planeta.

Texto de José Teles
24/10/2010